Maceió para Recife de Carro: Uma Viagem Inesquecível

Para ler esse conteúdo da Carolina Peres, eu indico que você coloque uma trilha sonora de Road Trip brasileira – Alceu Valença tem que estar – e embarque comigo nessa viagem. Eu vou te contar uma das minhas loucuras de viagem, daquelas que a gente nunca esquece.

Pois bem, era fim de ano. Adeus 2020, bem-vindo 2021. Eu estava com uma passagem comprada para Alagoas. Para falar a verdade, em uma promoção daquelas imperdíveis eu consegui comprar essa passagem aérea super barata para a Grécia. Ia visitar o país e realizar meu sonho de conhecer Santorini.

Aí, o que aconteceu? O Coronavírus chegou. O Brasil entrou em lockdown exatamente no dia que eu ia viajar. Eu até pensei em ir e passar toda a quarentena como uma grega europeia, mas… ia dar ruim. Já pensou virar mendiga por lá?

Pois bem. Com a grana do pacote eu desmebrei em duas viagens. Uma eu fiz para o Maranhão e a outra eu decidi conhecer Alagoas. Ah, esqueci de dizer uma coisa, sou recifense, mas moro em São Paulo desde os 10 anos. Agora, estou com 35.

Meu avião saiu do aeroporto de Guarulhos no dia 26 de dezembro de 2020. Eu teria, então, 4 dias para aproveitar o paraíso que é Alagoas. Estava ansiosa. Era uma das primeiras viagens depois da Pandemia e parece que as coisas estavam começando a dar uma melhorada.

Eu ia aproveitar ao máximo, tudo o que eu pudesse. Era o que eu queria. Imagine você a sensação de prisão que eu tive passando um ano e meio trancafiada? Logo eu que amo viajar… qualquer motivo eu já tô com a mala pronta.

Então, eu estava radiante. Demais. Desembarquei no aeroporto de Alagoas às 03h00 da manhã. Sem sono, feliz, gargalhando sozinha. Foi então que levantei meu olhar e vi um grande estacionamento e na frente dele estava escrito o nome de uma daquelas locadoras de carros.

Eu podia ir para o hotel, descansar e viver minha vida em paz, né? Mas, o que eu fiz? Me danei para alugar um carro e ir para Recife. No meio da madrugada… no meio da madrugada. De novo, no meio…

Como chegar em Recife de Carro

Cheguei no guichê de atendimento e fui recebida por um colaborador que estava meio acordado e meio dormindo.

– Bom dia, quero um carro

– Sim, temos todas essas opções – e me mostrou um “menu” de carro – qual a senhora prefere?

– Quero o Jeep Renegade!

Aluguei o automático. Eu tinha que devolver em um dia, na mesma hora que eu estava pegando. Tudo bem, era apenas uma viagem bate e volta. Eu ia lá, daria um abraço na minha tia e voltaria para curtir Alagoas.

Botei a mala no banco de trás, liguei o GPS, ajustei o som para ouvir minhas músicas e fui.

Gente, foi uma das melhores viagens da minha vida. Foram exatamente 3 horas e 45minutos de viagem. Rápido. Simples e mágico.

Segura essa cena: em um carro, sozinha, na BR 101- com aquelas pistas de mão dupla, tudo escuro e só o farol iluminando à frente. No rádio, coloquei Dorival Caymmi e Alceu Valença, que foram embalando minha aventura.

Saí de Maceió, passei por Floriano, Messias, Itamaracá, Joaquim Gomes, passei pela Estação Ecológica de Murici. Tudo de noite. O verde claro das árvores se tornava escuro com o breu. De barulho, só os pneus rasgando a estrada e de vez em quando um caminhão que pedia passagem.

Eu sentia uma paz tão grande… que foi me dando sono. Poxa. Sono ningém controla. Mas, eu ia controlar. Parei em um posto de beira de estrada e comprei 2 energéticos. Não era nenhum conhecido. Interior do nordeste periga ter a venda a taurina pura. E é aí que está a mágica. Tem tudo que você nem imagina.

Tomei os energéticos, comecei a mascar chiclete e segui. Mais controlado, ele me permitiu ver o que eu tinha à frente. O cenário mais lindo que eu já vi na minha vida.

praias de Recife

A essa altura, o dia já começava a amanhecer. E foi aí que eu chorei. Imagine a cena de novo: Uma paisagem ampla, que dá para ver o horizonte. Não tinha um amontoado de casas. Era uma a cada 2 quilômetros. Aquelas casas típicas do Nordeste com cores diversas, porta principal e uma janela ao lado da porta. Aquelas que a gente sempre começa a desenhar quando aprende.

De vez em quando, uma igreja entrava no cenário. Nada imponente. Uma igrejinha simples com uma cruz em cima, mas cheia de fé e cultura.

Lá na ponta, lá no fim do horizonte, ele despontava com cores que iam do lilás bem  forte e um amarelo claro. O sol começava a nascer e pintava o céu com uma cena que nem os quadros mais lindos de Monet conseguem transmitir. Eu parei o carro para contemplar aquilo.

Logo, notei que parei na frente de uma fazenda de gado. E eles estavam começando a sair para o pasto. Então, o lindo céu colorido e alguns animais que se misturavam às plantas para deixar a pintura ainda mais linda. Diante desse milagre, não tem como conter as lágrimas. E foi nesse momento que o sono percebeu que eu não daria trégua para ele. Foi embora.

Entrei no carro e segui viagem, secando as lágrimas de emoção e felicidade.

Como chegar em Alagoas

Quando cheguei na divisa de Alagoas com Pernambuco abri um sorriso danado. Eu tinha conseguido fazer aquilo sozinha. Que massa. Que sensação. Aí, troquei para Alceu Valença e Luiz Gonzaga e enquanto a sanfona dele rasgava meus ouvidos, meus olhos viam cenários lindos. Uma hora, o mato era tão verde que dava esperança que tudo ali era próspero. Hora, era tudo tão seco, que nem dava para acreditar que tinha vida. Mas, tinha. O cangaceiro sabe muito bem viver na seca e eu, como vim dessa história, sei muito bem.

Depois do cenário de interior, entrei em Cabo de Santo Agostinho e as praias começaram a aparecer no meu cenário. Posso te dar uma dica: Se for a Pernambuco troque todas as praias pela de Calhetas. Olha só que coisa mais linda. E não é todo mundo que conhece.Só quem é de lá mesmo. Boa viagem é bonita? É! Tem que ir? Tem. Mas, Calhetas… ah calhetas.

Molhei os pés naquele mar de água quente e convidativa e segui viagem. Ainda precisava chegar no Varadouro, que é onde minha tia mora. No Centro histórico de Olinda. O fervo do Carnaval. Bati na casa dela às 06h00 da manhã. Claro que ela abriu a porta assustada demais. A sobrinha, que mora em São Paulo, aparece na casa dela quase de madrugada. Não sei como ela não infartou. Real.

Depois do susto ela preparou um café digno pra mim. Banana comprida cozida, queijo do reino, tapioca, suco de carambola e pão carteira. Devo ter ganho uns 5 quilos em meia hora. Mas, foi maravilhoso.

Como eu sei que não sou de ferro, fui descansar por umas 2 horas. Queria só descansar mesmo, porque minha ideia era aproveitar o dia andando pelas ladeiras de Olinda. Mal consegui dormir de tanto energético. Mas, na hora que capotei, acho que nem um terremoto me acordava.

Chamei meu melhor amigo, que estudou comigo durante todo o ensino médio para
caminhar comigo. Ele foi. Claro. Andamos pelas ladeiras, subimos, descemos, tomamos picolé, cerveja, queijo assado e paramos em um bar, embaixo da igreja da Sé para aproveitar a tarde cervejando com uma bela porção de carne de sol.

Foi um dos dias mais felizes da minha vida e que eu nunca vou esquecer. Voltei pra casa da minha tia, tomei um banho e segui viagem de volta a Maceió. Tava cansada? Só o pó da rabiola. Cheguei no aeroporto meia noite. Meus pés inchados, meu corpo exausto, mas minha mente feliz. Voltei para o hotel de Uber, dormi por um dia inteiro e depois curti férias acompanhada de muito ALceu Valença, cerveja e camarão.

abraços!

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